terça-feira, 9 de novembro de 2010

alone in the dark ;/

Parece que todo o otimismo que me preenchia foi embora. Toda aquela alegria sumiu, e deu lugar a um vazio que abre um vão em meu peito, e me impede de respirar. O coração não se contenta em bater, e eu não mais me contento em respirar... Preciso de mais. Mais o quê?!

Sinto falta da inocência e ingenuidade que me era características quando criança. De como o meu sorriso era imbatível, e de como meus amigos nunca me deixavam. Tudo isso cessou, quando o meu melhor amigo me deixou.

Meu pai foi embora quando eu tinha uns 5 ou 6 anos... Talvez tivesse até mais que isso, mas para justificar essa tristeza que perdura pelos anos, sinto que meu inconsciente me prega a peça de diminuir minha idade. Ele foi embora. Simples assim.

Deixou minha mãe e minhas outras três irmãs para trás, como se fosse algo que todos fizessem... como se fosse normal. Meu pai sempre foi uma figura autoritária, impassiva... mas não comigo. Ele sorria, me pegava no colo, me contava longas histórias mal contadas, tentando aliviar meu pranto de saudade durante as longas viagens de trabalho de minha mãe.

Me comprava meus biscoitos favoritos e me dava brinquedos maravilhosos, que como num passe de mágica eram destruídos por minhas pequenas mãos, que pareciam ter como único objetivo quebrar tudo o que tocasse. Dom cruel esse, que continua comigo até os dias de hoje.

No dia em que meu pai foi embora, ele sentou-me no colo, e reuniu todas as minhas irmãs no quartos das minhas duas irmças mais velhas. Com uma pequena mala nas mãos, disse que estava indo embora, ou algo do tipo. Não me lembro das palavras exatas, mas lembro da sensação de sufocamento... da tristeza cortante que nos separava.

Ele virou de costas e segui a caminho do portão de madeira que protegia a casa. Já não me lembro mais quantas horas permaneci ali, olhando aquele portão, e esperando que ele voltasse e me dissesse que ele ainda me amava, que ainda amava a minha mãe, e que tudo ficaria bem. Por anos e anos me perguntei o que eu tinha feito para que ele fosse embora.

Anos e anos depois, quando já entendia o acontecido, e de certa forma aceitava... Me peguei fantasiando sobre grandes amores, e paixões que poderiam aparecer em minha vida. Foram tantas... mal resolvidas, intensas e brutais. Tantos enganos, e tantos abandonos. Cada um deles me rejeitou de alguma forma. E não sei porque... toda vez que algo dá errado, sinto o mesmo sufocamento, e a sensação de separação que machuca fisicamente. Sinto vontade de gritar pelo meu pai, e me vejo sonhando com o seu retorno, para me tirar de toda a confusão da minha mente, de tudo o que me machuca.

Hoje só queria pensar, e refletir... descansar a mente. Mas não consigo. Não me permito. Hoje foi como se o meu coração pedisse pelo colo daquele que um dia me deixou pra não voltar mais. Como se somente ele fosse capaz de me tirar da bagunça que é a minha vida... Mas ele não vem. E eu não consigo me erguer e caminhar... e voltar pra casa.

Queria que tudo fosse mágico, como na minha mente fértil e fantasiosa da infância. Queria que minha inocência fosse capaz de domar meus medos e inseguranças. Queria que a minha ingenuidade não mais fosse traída, ferida, machucada. Queria poder confiar, amar, sorrir, ser feliz e me apaixonar. Queria parar de ver as confirmações dos meus erros estampados logo ali... na minha frente. Só desejo dar o maior amor que posso, para a única que pessoa que merece e não o recebe. Eu.

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