quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pegadas no Caminho

Algumas vezes no dia, páro para pensar sobre os caminhos que tomei para chegar onde estou agora. Quando caminhamos, nossas pegadas vão sendo deixadas para trás, mostrando a nós mesmos e aos outros o que nós fizemos, as decisões que tomamos, os tropeções que nós demos... Olhando hoje para trás, percorrendo novamente a mesma estrada, observo pegadas profundas, que me mostram o tempo que fiquei parada, talvez triste, sem ação, lamentando o tempo perdido. Caminhando mais para frente, vejo passos curtos como se andasse muito devagar. Outros passos, largos, como se corresse, tal como criança imatura e medrosa que foge de um terrível pesadelo. Mas muito além, ví as marcas dos saltos que dei, como corredor habilidoso que orgulhosamente salta por cima dos obstáculos. Ví o arrastar dos passos, onde a tristeza e o cansaço faziam pesar-me as pernas. Ví os pulos de alegria, frente a vitórias próprias e alheias.

Engraçado como quando caminhamos ao lado de nossas próprias pegadas, observamos tantas coisas, e ao mesmo tempo, nada. O que importa não é a quantidade de paradas realizadas, me mostrando minhas fraquezas, ou quantas vezes pulei sobre os obstáculos, me enchendo de orgulho.

O que importa é que eram pequenos pés, que tornaram-se grandes e fortes. O que importa é quantas vezes agradeci pela caminhada, quantas vezes amei, ri, chorei... O mais importante é que continuei. Não me arrependo de nada, pois as mínimas decisões me colocaram no lugar em que me encontro hoje.

É como disse Anna Freud: "A cada dia que passa eu acho que a vida é melhor do que eu esperava."

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Happy Day...Ooh Happy Day! ;)


Lyla acordou naquela manhã, com o brilho amarelo do sol invadindo todo o quarto. O sorriso em seu rosto era simplesmente inevitável. Caminhou pela casa sentindo a solidão de seus passos pelo corredor, e o barulho que seus pequenos pés faziam quando descia a longa escada. A sensação de estar sozinha pela primeira vez, fazia com que Lyla sorrisse sozinha, enquanto caminhava.
Chegou a cozinha, abriu a geladeira e alcançou uma linda jarra de vidro. Na jarra, um suco feito no dia anterior descansava na metade da jarra.
Lyla bebeu um copo do suco e correu para o andar de cima novamente, tirando toda a roupa e pulando dentro da banheira cheia de água quente. Nossa... como aquela sensação era boa. Ficou ali, olhando a espuma que flutuava por cima da água, brincando sozinha por alguns instantes. Levantou-se e dirigiu-se ao quarto.
Abrindo as portas do armário viu todas as roupas descansando em seus cabides, e agarrou uma blusa laranja, uma calça jeans bastante simples e confortável, e um casacão branco. Pulou com seus pés dentro do tênis branco e correu pelas escadas, porta a fora.
O sol brilhava cada vez mais distante, e Lyla andava depressa pelas ruas... mas podia esperar pelo grande dia que queria viver. A porta da cafeteria estava aberta, e Lyla começou a se perguntar porque nunca havia entrado naquele lugar e tomado um bom café. Bom... talvez porque ela nõ gostasse de café... Mas como?
Lyla não se lembrava de quando fora a primeira e última vez em que havia tomado um café. Lembrou-se de quando ficava encolhida no sofá da casa de sua mãe, assistindo aos programas na TV e via tantas pessoas felizes tomando café. Será que café teria o gosto que ela imaginava? Um gosto tão maravilhoso que transformaria qualquer tristeza em um sorriso? Aah...! porque não tentar?!
Lyla entrou na cafeteria, sentou-se na primeira mesa vazia que viu e pediu um café com bastaante chantilly. No primeiro gole, o calor invadiu sua boca e sua garganta e o gosto horrível veio em cheio. Nossa... essa era a razão pela qual ela nunca tinha tomado café e tinha feito questão de esquecer a única vez em que tomou. O gosto não era nada agradável.
Mesmo assim, Lyla sorriu e continuou sua caminhada. Lembrou do MP4 em seu bolso, e tratou de ligá-lo com rapidez. Colocou os fones e pensou: - Que música seria perfeita para o meu dia? Que música poderia fazer com que esse dia fosse o melhor de todos?
Passou a lista de reprodução no aparelho com rapidez, tentando lembrar de cada música pelo nome. Uma música pode transformar o seu dia, e te dizer com pequenas palavras e lindar melodias, tudo o que há de mais maravilhoso ao nosso redor, mas que o nosso sofrimento, nosso egoísmo, não nos deixam ver.
Lyla sorriu ao ler o nome da música, colocou o aparelho no volume máximo e saiu caminhando desengonçada pelas ruas, enquanto sua alegria invadia cada fresta de cada janela de cada casa. Essa é a beleza de viver. São as pequenas coisas que fazem com que cada dia seu seja inesquecível. São as palavras, os pensamentos, os sentimentos que fazem com que haja magia no mundo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

The Darkest Hour ;/

Eu estava sentada encarando minha janela. Meus longos cabelos lisos e escuros caíam alcançando minha cintura. Abraçando minhas próprias pernas eu tremia. A janela se mantinha aberta, permitindo que o vento frio e calmo da madrugada acariciasse meu rosto. Os olhos fixos na mesma direção.

-Como minha vida pode ter mudado tanto?- eu me perguntava enquanto mantinha o olhar fixo no horizonte.
-Porquê o horizonte? - talvez porque o horizonte me dê uma sensação de esperança. Por ser vasto, infinito... Mas porque busco sentir isso? Porque o infinito? - a esperança é o que nos faz levantar, caminhar, respirar... e o que melhor que o infinito para nos dar esperança?
A sensação de infinito, de que nada nunca acaba me conforta. Minha vida mudou tanto, que não tenho mais certeza se era mesmo isso que eu queria. Mas a tristeza que isso me traz, e toda a agonia de repente, quando encaro o horizonte, se transformam em calma e esperança, ao imaginar que existem infinitos caminhos que posso seguir, milhares de possibilidades, infinitos rumos que minha vida pode tomar. O amor que eu sentia antes não é o mesmo. A alegria que antes me dominava, se foi. Mas sei que isso não é para sempre.

Por mais que eu me sinta perdida, sei que tudo vai passar. Ainda vou encontrar o meu caminho. Por mais que hoje eu sinta dor, preciso acreditar que tudo vira paz e calma.

Foi encarando o horizonte numa fria madrugada, que minhas lágrimas se transformaram em um sorriso, e minha dor virou alegria. Porque foi ali sentada na beira da janela, agarrada às minhas próprias pernas, sentindo o carinho frio do vento que delicadamente esvoaçava meus cabelos, usando nada além de um longo, grosso e macio roupão branco, que eu descobri...

Descobri que a hora mais escura da noite, é aquela logo antes do amanhecer.